quinta-feira, 1 de abril de 2010

Anima Mundi 2009: Sita sings the blues

Minha grande expectativa no festival de 2009 era assistir ao longa Sita sings the blues. Essa premiada animação de 2008 (Festival de Annecy) possui uma interessante história de bastidores. A animação é baseada na experiência real da diretora Nina Paley com seu namorado que foi para a India e depois de algum tempo a abandonou. A idéia surgiu durante a fossa de Nina que resolveu ler a epopéia indiana Ramayana, e acabou decidindo assim contar seu drama com a ajuda dos personagens clássicos indianos.
A trama desenvolve-se em diferentes narrativas. Cinco histórias são contadas relacionando-se direta ou indiretamente com a história da autora. Cada uma realizada em um processo de animação diferente, com estética e design particulares.

Depois de ter problemas com a distribuição do filme Nina decidiu disponibilizá-lo na íntegra sob licença Creative Commons. É isso mesmo, todos podem assistir, copiar e exibir o filme dela gratuitamente. Com isso o filme de Nina propõe uma relação mais próxima entre público e obra, condizente com o momento vivido pela internet e contrapondo-se a resistência das grandes corporações em ceder ao formato. Apesar de longo e possuir alguns momentos cansativos, o longa diverte ao narrar a história sob um ponto de vista ocidental de uma tradição oriental, muitas vezes incoerente e absurda aos nossos olhos. Para conferir a obra, dar download, compartilhar e divulgar acesse o link abaixo:
A bandeira levantada por Nina Paley e sua opção pela disponibilização gratuita de seu filme aponta para uma tendência analisada recentemente no livro “Free” de Chris Anderson, editor da revista Wired. “Free” propõe que novos modelos econômicos, sociais, de comportamento, de trabalho, entre outros são cada vez mais necesários. Para conferir a obra, gratuita apenas no formato audiobook, acesse o link:
Para fechar o argumento de Nina Paley, segue abaixo texto publicado em seu blog, apresentando de maneira sintética uma crítica aos modelos de negócio simplistas (escrita é claro de uma forma que os criadores desses modelos entendam), mas ao mesmo tempo propondo uma opção interessante (e até então inédita) aos produtores de filmes:
“People seem to want to believe that just freeing works is some magic recipe for success. It isn’t. But since people crave simple business models, I came up with one this morning:
Quality
Freedom
Money
______
Any Two = success
A very good (Quality) film can succeed if it is Free (Freedom) OR has a big promotional budget (Money). A Free film can succeed if it is very good (Quality) or, if it’s not so good, it has lots of paid promotion (Money, because if it’s not good people won’t promote it on their own initiative). A film with lots of Money will succeed if it’s good (Quality) or if it’s Free. Imagine how much further a crap film could go if it’s not only heavily advertised, but Free to share too.
With only one of these properties, a film is unlikely to succeed. If a film is very good but neither Free nor Moneyed, no one will hear about it and it won’t have a chance to become popular. A Free film that sucks won’t go far. A Moneyed film will garner attention only as long as it’s being promoted; once ad spending stops, audience attention goes away.
With all three of these elements, you’ll have a success the likes of which the world has never seen. Moneyed productions have yet to be Free, but maybe someday, for some reason, someone will pour tons of cash into promoting a Free, Quality production. Of course if it fails, that will be due to insufficient Quality, which can’t really be measured and for which no one wants to take responsibility. If someone wants to try this experiment with Sita Sings the Blues, which is already considered “good” and is forever “free,” be my guest!
Given the financial dire straits of the independent film industry, filmmakers should really be looking at Free, because they’re unlikely to have Money. And everyone, always, should be focused on Quality, no matter what business model they prefer. Except Quality is a mystery, and worrying about it does not lead to better Art. But if you happen to luck into some Quality, you know what to do now.” (http://blog.ninapaley.com/)
Para finalizar em estilo indiano, fica a sugestão da HQ de Sanjay Patel, “Ramayana: Divine Loophole”. Animador da Pixar que trabalhou nos filmes “Os Incríveis”, “Ratatouille”, “Monstros S.A.”, “Toy Story 2”, entre outros. O próprio Patel sofreu restrições de sua editora com relação à disponibilização de imagens do livro online. De qualquer forma em seu site parte do trabalho pode ser conferido e, com certeza, o contato físico com a beleza de seus desenhos no livro ainda é uma relação que não pode ser reproduzida digitalmente:
http://www.gheehappy.com
Atchatchatcha!