sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Meu nome é Wells e eu estou aqui para recrutar vocês!

Meu nome é Wells e eu estou aqui para recrutar vocês, para fazermos, juntos, uma dieta à base de leite. Assim, nós seremos fortes o suficiente para mudar o mundo.

Desde a primeira notícia sobre a produção de Milk fiquei ansioso para ver o filme por duas razões: seria mais um longa-metragem de Gus Van Sant, um dos diretores que mais admiro na atualidade, e seria um filme sobre Harvey Milk, uma figura emblemática do movimento gay norte-americano.

Com os trailers vistos pela internet fiquei ainda mais ansioso, mas o filme estreou em Belo Horizonte na sexta-feira de carnaval e eu já havia comprado uma passagem para a minha pequena cidade natal, que não é São Francisco, mas é surpreendentemente gay friendly. Então, antes de ver o filme, assisti à merecida premiação de Sean Penn como melhor ator de 2008 segundo a Academia de Hollywood. E seu discurso me emocionou.

Na quarta-feira de cinzas, ao meio-dia, eu estava de volta a Belo Horizonte. Deixei minha mala em casa e fui tomar o meu copo de leite na primeira sessão do cinema Usina.

Se me perguntarem se vi o Gus Van Sant, direi que sua discrição me faz gostar ainda mais dele. Milk é um filme absolutamente bem feito, tudo nele é perfeito, mas não tem uma marca de diretor. Gus Van Sant entendeu o quão importante era a história que iria contar, o personagem que iria retratar, e abriu mão de fazer um exercício de estilo em prol de um mundo melhor. Sabemos que a arte engajada também pode ser genial na forma e Eisenstein é uma prova disso. Mas, talvez por humildade Gus Van Sant não tenha se arriscado. Talvez seja por lucidez, afinal, seu país (e o mundo) passa por um momento extremamente delicado e ele percebeu que um Harvey Milk em primeiro plano pode ser mais necessário que um diretor-estrela.


O "Milk" de Van Sant (ou seria mais adequado dizer o "Milk" de Dustin Lance Black ou ainda de Sean Penn?) é perfeito, pois é humano, às vezes negligente, às vezes oportunista, sempre vaidoso, mas tão corajoso, tão generoso, tão perspicaz que convenceu Hollywood e espero que tenha convencido você também. Porque os quatro, Gus Van Sant, Dustin Lance Black, Sean Penn e Harvey Milk, fizeram algo do que podem se orgulhar. E você?

Tomemos, juntos, esse copo de leite para termos força para mudar o mundo.



Em tempo, minha pequena e gay friendly cidade natal é Piumhi, quem sabe você possa encontrar um Scott Smith por lá? Como não há lá um metrô, ele pode estar por toda parte.

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